sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Abri o caderno, coloquei a data no fim da primeira linha, "25/12/09". Queria escrever, como quem abre uma porta com sede de encontrar um prato de comida na mesa da sala de estar. Mais que isso. É um querer que sai ou vira, uma coisa que por mais estranha si é necessária. É precisa.
E eu aqui a escrever, sem saber objetivamente o que tenho ou preciso ou quero escrever. Quando coloquei a data perguntei-me: " Por que? Por que preciso escrever? Por que é vazia essa data? Por que? ". E agora quero escrever sobre duas coisas destinas. A data e o porque de escrever. Não sei se consigo fazer duas coisas como essas ao mesmo tempo.
Como se essa data, como a maioria das outras, como as de ontem e anteontem fossem nada. Não deixam mais que o nada em mim. Todos param em datas e esperam, esperam que delas nasça algo, delas venha felicidade, delas venham o que elas nem sabem se vem, elas imaginam que vem. Por que especificar? E te escrevo, escrevo-te tudo isso agora, que brande bosta - rimo mau rimado -, esqueci o que ia te dizer. E, é isso? as datas são vazias, elas não me avisam nada e eu nem sei gramática. Meus cabelos estão bagunçados; devia ter começado um paragrafo agora; há pessoas tagarelando na cozinha; minha irmã dorme na cama ao lado; talvez eu seja só uma garotinha; a maioria dessas roupas não são minhas; a maioria das frases na parede não são minhas; todos esses pensamentos absolutos e absurdos não são meus.
Eu tenho sono por que já dormi demais. eu ainda sinto porque já dormi demais. Eu ainda escrevo porque só sei fazer isso para permanecer com um certo tipo de paz, de alivio, de sorriso, de suspiro perdido no oceano inconstante do organismo.

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